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domingo, 25 de julho de 2010

A Burocracia

A burocracia continua a ser, em pleno século XXI, um tormento para os que por necessidade ou falta de opção caem em suas malhas. As relações estabelecidas entre as instituições e pessoas são, por vezes, cruéis, insensíveis aos dramas pessoais, à pressa da vida quotidiana e ao desejo de resolver problemas.

Condena-se os serviços públicos que estão emaranhados em normas e papéis, inúmeros papéis. Mas a irracionalidade é que é a lógica da burocracia, que funciona mais de acordo com os seus próprios interesses – isto é, os dos burocratas e seus superiores – do que o interesse do serviço que apelidam estar representando. Aliás, é sempre assim que surge a defesa. ‘Eles’ dizem que defendem a moralidade pública, a ‘eficiência’, o bem público e o interesse colectivo. Reclamam dos que não aceitam as normas. Dizem que estão sempre certos e que todos devem aceitar suas autoridades, dando a elas um carácter divino.

Na maioria dos casos, trata-se de mera retórica, no pior sentido que esta palavra possa ter. Tudo se passa ao contrário, o que os defensores da burocracia realmente desejam é manter o ‘controle’ sobre as pessoas, impedir o livre fluxo da vida, paralisar a concessão de direitos e celebrar os seus próprios interesses. Obviamente, há momentos que eles cedem, quando, por exemplo, um poder maior determina que procedam de modo diverso. A existência desta possibilidade demonstra que é possível combater a monstruosidade das burocracias, desde que existam interesses nesta direcção.

Há algum tempo, defensores da informatização afirmavam que ela seria capaz de tornar a burocracia mais leve. Tudo não passou de mais uma doce ilusão. A burocracia transferiu-se, parcialmente, para a memória física e para as teclas dos computadores, mudando quase nada no que se refere aos seus maiores pecados: a morosidade e o esmagamento das pessoas com seu discurso opressivo e com as inúmeras ‘provas’ exigidas, isto é, papéis para repetir o mesmo de sempre. As filas continuam crescendo e os serviços continuaram confusos e caóticos.

É verdadeiro que na esfera privada a burocracia tende a ser menos pesada. Isto não quer dizer que não exista, e que também não penalize os seus clientes. Basta ver, o tratamento que os ‘clientes’ recebem nos bancos e o incrível número de denúncias contra estes, bem como contra as empresas privatizadas que fornecem serviços públicos.

Os burocratas deveriam ser obrigados a fazer cursos de direitos humanos, a lerem Kafka e a leccionarem sobre o que é uma democracia a sério. Deveriam ser punidos exemplarmente por seus actos, alguns muito graves. Demitir os teimosos e cobrar multas elevadas por não cumprirem suas funções com dignidade, poderiam ser algumas das medidas possíveis de serem tomadas. Os que estão em funções burocráticas e as exercem com a dignidade necessária deveriam ser premiados, erguidos às chefias e dado a eles condições para humanizar os serviços em que trabalham. A ditadura acabou, mas a da burocracia contínua viva e isto é um problema social a ser enfrentado por todos.

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